sábado, 25 de dezembro de 2010

A Distância.





   Em meio a tantas pseudo músicas tocando em alto volume,nas ruas e vizinhanças,para o pavor das pessoas de bom gosto,eu tive o prazer de ser surpreendida ontem, pela manhã, enquanto eu estava postando uma mensagem de natal aos amigos do orkut,aqui em casa, pela música do Rei Roberto Carlos, A Distância....foi uma surpresa pra mim,surpresa boa,mas que despertou em mim
sentimentos guardados,lembranças e muita saudade.
   Saudade de quem se foi...saudade de quem saiu da minha vida,por diversas circunstâncias,por opção própria...saudades,saudades,
saudades.
   Eu já fui muito durona,ou tentei mostrar isso,mas a maternidade
e a maturidade me pregaram uma peça, me desproveram dessa defesa,ao menos em parte e me presentearam com uma dose cavalar de sensibilidade.
   O Natal também nos leva ao passado, nos faz refletir, toca nas nossas feridas nem sempre curadas,nos deixa mais receptivos e melancólicos .
   Mas voltando à bela música, ela me fez gastar toda reserva lacrimal de muitos dias...enquanto ela tocava,eu me emocionava,me sentia um náufrago,tentando sucumbir à violência das ondas do mar,me debatendo,perdendo meu fôlego e buscando algo ao redor,para me tirar daquela cruel situação.
   Passou um filme em minha mente...um longo filme...e isso me reportou
à triste realidade das agruras das relações interpessoais. Falo não apenas por mim,mas por toda a humanidade.
   Somos feitos à imagem e semelhança de Deus,mas sucumbimos ao menor sinal de fraqueza do outro com quem nos relacionamos,sejam eles amigos, amantes, filhos,colegas de trabalho,enfim,as pessoas do nosso círculo de convivência.
   Se aos olhos do outro, ”pisamos na bola”, mesmo que seja uma pisadinha, somos condenadas ao “poço das condenações”
e muitas vezes não temos o direito de defesa...cria uma pedrinha no sapato,que com o passar do tempo,fere,machuca e deixa marcas.
   Será que podemor ter a ousadia de acharmos perfeitos,pessoas
que mais parecem comercial de margarina,sempre boazinhas,pacientes,sorridentes e dotados de máxima generosidade?Somos a antítese da perfeição ou somos criaturas abomináveis, fracas,egoístas e desprovidas de bons sentimentos?
   Lembrei de uma antiga lenda indígena, que fala sobre termos dentro de nós dois cães, um bom e o outro mal, que lutam constantemente,porém,vence aquele que mais alimentamos.
  Não somos,graças a Deus,nem santos,nem demônios,somos seres humanos,dotados de inteligência  e de amor;temos o dom de buscar a evolução,não importa como,basta ouvirmos a voz silenciosa do nosso Eu.
   A distância incomoda. Ela nos mostra um obstáculo, um entrave. Mas sinceramente, nem sempre é a distância física que mais me incomoda, porque tenho o privilégio de estar ao lado, pertinho
de pessoas geograficamente distantes de mim. Mas a distância da indiferença,do descomprometimento moral e afetivo,essa é dilacerante e desrespeitosa. É como ver a dor alheia e não reagir.
E calar,sobretudo quando mais se precisa falar...


Hoje é Natal...dia de Amor. Que esse amor nos faça transcender e aprender...



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