terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O Fajuto Determinismo Humano


Há anos atrás,na minha adolescência,uma de minhas irmãs veio me falar da teoria dela ao achar,quando eu nasci,que eu seria lésbica. Não sei se me espantei mais com
o fato ou com o argumento dela, Ela me falou que das oito filhas anteriores,todas
eram heterossexuais, então a última,a nona, seria,como ela mesmo falou,”sapatão”.
Naquela época eu nunca tinha lido nada sobre o Determinismo,mas me indignei com
o fato de ter sobrado pra mim essa opção,como uma imposição,como se eu não tivesse o meu próprio destino e as minhas próprias escolhas. Nada contra as mulheres gays, quero deixar isso bem claro e acho que as mulheres esclarecidas – homo ou hétero – me compreenderão. Não achei graça,achei infeliz a teoria dela,no mínimo imatura,mas tudo pela
harmonia familiar...
Harmonia encaixaria na doutrina do Determinismo? Acho que sim, se for
encaixada na vida de quem teve a “brilhante idéia” de defendê-la...e lá vou eu, novamente,me encontrar com essa famigerada teoria. (me perdoem os deterministas ferrenhos,mas opinião é como o...cada um tem o seu e ponto final)
Na época em que eu estava no ginásio,ao descobrirem que eu tenha nascido tia,pois minha porque minha sobrinha mais velha havia nascido
1 ano antes de mim,já falaram que eu estava fadada ao “caritó”, eu
 “ficaria pra titia” e outros termos nada simpáticos. Imaginem, eu,com meus 13,14 anos,já tinha dúzias de sobrinhos!E aos 20, já era tia-avó!
O que me incomodava não era sentir medo de não casar, mas de ser obrigada a seguir um caminho que eu mesma não queria pra mim...logo eu que nunca quis entrar em fila pra pegar buquê,achava aquilo um mico, coisa pra mulher desesperada e mesmo sem ele,casei duas vezes.
Depois do insucesso e do martírio do meu primeiro casamento, concluí: “que determinismo o cacete!”
Isso me parecia mais oportunismo de muitas pessoas, que vitimaram pessoas como eu que me senti na obrigação de casar,porque eu era a filha caçula e nenhuma outra havia casado na igreja,de branco e virgem (Era pedir demais pra mim)
Lembro-me bem,no dia do casamento,minha amiga querida,Karla,me chamou no quarto e me perguntou se eu iria até o fim,se eu me casaria
naquela noite,porque ainda havia tempo para voltar atrás.Respondi que
eu não voltaria atrás a uma decisão minha,mesmo que ela tenha sido
tomada por razões tristes, que não as minhas verdadeiras,mas as de
terceiros. Tempo depois eu aprendi que livre-arbítrio era algo que não poderia envolver outras pessoas,ele era meu e mesmo que me custasse
caro,só eu tinha o direito de usurfruí-lo,acertando ou errando,mas com
os meus próprios pés e voltando atrás,se assim achar necessário e coerente. Sabe,é muito triste ser vítima dos nossos próprios medos,
vítima das cobranças egoístas dos pais,que tentam muitas vezes nos impor uma vida que não faz parte da gente. Sempre que ouvia “woman in
chains”,do Tears for Fears,eu me via naquela música...mulher acorrentada...
Tergirversei bastante,mas há coisas que mais parecem labirintos,onde a gente precisa sair do foco, do caminho, para chegarmos ao local certo.
Paguei caro até me sentir dona de mim, das minhas decisões...doa a quem doer,eu não aceito cabrestos...engulo sapos,mas quem não os engole? A vida nos obriga a isso,mas não engulo rótulos,nem estigmas
sou desparamentrada...e que o determinismo vá para o raio que o parta!!

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